10 agosto, 2013

Segada e malhada tradicionais 2013

 A segada e a malhada tradicionais realizadas em 2012 em Adeganha foram fantásticas, quer para quem participou, quer para quem assistiu e o evento repetiu-se num outro formato, em 2013.
O programa estendia-se ao longo de dois dias, 13 e 14 de Julho, com atividades a desenvolverem-se em três aldeias Cardanha, Adeganha e Estevais, com o lema Planalto em Movimento 2013.
Inicialmente tinha previsto marcar presença nos dois dias, mas, depois, optei por ir só ao segundo dia, onde se desenvolveu a segada e a malhada, consciente de que perderia atividades (novidades gastronómicas) bastante interessantes.
Cheguei a Estevais a meio da manhã do dia 14. Pensei chegar ainda a tempo da visita guiada ao Baldoeiro, mas não. Aproveitei a calmaria no largo da aldeia para explorar as ruas e ruelas. Fiquei admirado com a quantidade de habitações antigas, muitas delas em ruínas que devem ter constituído a antiga aldeia! Seria muito maior do que é hoje, situada em terrenos mais acidentados, sobre lajes de granito, voltada para o vale da Vilariça.  Tirei imensas fotografias  desta aldeia "fantasma".
Quando regressei ao largo já estava a ser ultimado o almoço. Fazia muito sol e calor e todos procuravam um lugar à sombra. Estava mesmo muita gente! A custo consegui um espacinho junto ao Sr. Moisés, bom garfo, confiante que ele teria vindo acompanhado de algum garrafão da Adeganha. A D. Ermelinda tinha preparado um almoço bem tradicional, mas eu estava a contar com outros pratos, foi o que deu não ter ido à ceia do dia 13.
Não foi fácil servir tanta gente. O vento teimava e levar os guardanapos e pratos vazios. Quanto aos talhares, fizeram mal as contas e foi necessários recolhe-los em várias casas, mas eram mais pesados e não eram levados pelo vento. Com calma e boa vontade todos se acomodaram e foram servidos.
O melhor, e não podia ser de outra maneira, foi o convívio entre as pessoas, as conversas  espontâneas e francas, a partilha da salada o incentivo a mais um copo. Até um zamorano se juntou a nós e se sentiu em casa, comendo e bebendo, mas com menos "coragem" que os transmontanos.
 Aproveitei a pausa depois do almoço para fazer alguns retratos. A franqueza da gente deixaram-me à vontade para uma aproximação mais frontal, individual mesmo. O registo dos traços dos rostos marcados pelo tempo, os mesmos que já havia registado um ano antes, foi muito entusiasmante.
Não acompanhei as atividades seguintes mas à hora marcada estava na Cardanha para assistir à segada.  O grupo de segadores era razoável e nem parecia que estavam a brincar! Não sei se me apetecia mais fotografar ou pegar numa ceitoira e recordar o passado com eles. Tentei fazer as duas coisas, perdendo algumas oportunidades fotográficas de pormenores que seriam bastante interessantes.
O centeio foi transferido para a eira, a alguma distância. Optei por ir a pé, na companhia de outras pessoas.
Por sorte as pessoas que estavam a assistir à malhada recolheram-se à sombra o que prometia um espaço "limpo" para fotografar a malhada tradicional.  Infelizmente alguns entusiastas da fotografia e vídeo apareciam por todo o lado rivalizando em protagonismo com os verdadeiro intervenientes.
Mais uma vez a malhada tradicional foi o momento mais alto das atividades. Notava-se que a experiência do ano anterior tinha sido benéfica, sobretudo para reavivar os procedimentos. Numa próxima realização poderia ser boa ideia dar oportunidade a quem nunca manejou o malho. Isto sem colocar em perigo a integridade física de ninguém, é claro.
Lembrei-me disto ao ver uma criança a brinca com o grão que ficou na eira, depois de todas as tarefas terminadas. Possivelmente nunca tinha visto o grão, quanto mais tido a oportunidade de enterrar as mãos e senti-lo escorregar por entre os dedos.
 Foi servida a merenda, extensível à assistência, incluindo fotógrafos. Mais uma vez a enorme cabaça andou de mão em mão manchando de tinto as camisas dos menos experientes.
Regressámos à aldeia. Junto à capela do Senhor dos Aflitos organizou-se o "baile" que antecedeu o encerramento das atividades. Com arcos enfeitados e vestidos a preceito, vários grupos, penso que seria 3 um de cada aldeia, cantaram e dançaram como há já muito tempo não faziam. E foi neste ambiente de arraial que terminou a festa.
Este modelo com atividades a desenvolverem-se em três locais distintos tornou mais difícil o acompanhamento, mas criou outro envolvimento. Fiquei com a sensação que perdi muito bons momentos, mas isso só é razão para pensar já na próxima recreação. Espero que todos os envolvidos na organização destas atividades, que merecem ser aplaudidos e acarinhados, não percam o entusiasmo e mantenham o dinamismo que foi criado e que já faz a diferença, no concelho e para além dele.
 Muito obrigado a todos.

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